sábado, 9 de abril de 2011

SOMBRAS E SOLEIROS


Nasce mais um dia na Cidade da Sombra, antiga e próspera civilização. Esta faz parte do conglomerado extenso da região de Hamýhanukham; e uma bela manhã começa como todas as outras; com o belo sol a incidir sobre todos os comuns, viventes lá. Não se atenha às conotações, portanto; não haverá cidade mais iluminada do que a Cidade da Sombra. Esse fenômeno de grande raridade ocorre em especial frequencia nessa região devido à sua localização geográfica. Além disso, a própria topografia - o ajunte de morros e o vasto litoral que entornam a Cidade - , tornam a luminosidade solar capaz de uma majestosa aprazibilidade. O verde das matas resplandece e a água brilha como o próprio astro. Exaltando essa incrível iluminação, nos textos arcaicos, diziam em cantos ritualísticos, o povo:
Cuaracy picirungára, cendyua, que quer dizer: o sol da liberdade, em raios fúlgidos, brilhou no céu.


Apesar da, ainda presente, cultura regional, o distanciamento com tribos adjacentes juntamente com guerras civis tem posto os valores da Cidade da Sombra em reavaliação. O fenômeno destacado tem atraído a atenção de estudiosos que, temendo a capacidade de independência e contato com estrangeiros (área litoral) da Cidade da Sombra, prevêem uma extinção cultural. Aqui, por isso, busca-se acompanhar, mesmo que de forma generalista - em decorrer exatamente do pouco tempo de observação, infelizmente -, essa renovação comportamental.

As mais antigas e preservadas das virtudes dali são a admiração da natureza, da mulher e do "
pêl-droed " - esporte nórdico assemelhado com intimidade e naturalidade pelos Sombreiros. O costume e a cultura desses nativos tem tanta influência que é possível ouvir reverberações das histórias Sombrias nos continentes mais longínquos. Uma das mais famosas lendas, por exemplo, é a da menina Helô, que com curvas sensuais seduzia a todos na praia próxima à Kota Kahuana. A exaltação da prática do " pêl-droed ", mesmo que de origem estrangeira, é tomada como referencial em muitas regiões ao redor do mundo.

O exemplo do " pêl-droed " demonstra claramente a capacidade de anexação de costumes estrangeiros à cultura sombreira, sem perder a identidade própria dos Cidadãos. Bem verdade, que se a ameaça da extinção cultural na Cidade da Sombra fosse só por influência estrangeira, não haveria tanta agitação no mundo acadêmico. Porém, o que realmente preocupa atualmente é a guerra civil que está em cena na Cidade.

O que parece é que, justamente por essa necessidade de proximidade ao sol e à natureza, muitos nativos buscam áreas altas para morar e próximas ao oceano. Porém, devido ao aumento exponencial da população durante as últimas décadas, são cada vez mais escassos territórios livres, próximos ao litoral. O que vem ocorrendo, então, é um proliferação de forma habitacional rústica nas encostas de morros litorais que são extremamente perigosas, por serem feitas de maneira irregular. Por isso, acabam desabando, gerando muitas mortes e revolta das castas pobres.

A casta mais baixa na hierarquia de poder é chamada de "soleiro". Muitos estudiosos justificam essa denominação porque essa camada da sociedade sombria não teria onde se "proteger do céu". Dizem ainda que, por essa razão, a sua grande maioria é formada por humanos de pele preta, o primeiro estágio do grande povo Hamýhanukham, que de acordo com a antiga "lenda 22", nasce preto de índio e vira branco.

Em contrapartida a essa situação de insegurança e indig(e)nidade, a elite dos sombreiros - e por isso determinados como "os sombras" - vive em construções altas, que alcançam o maior grau de iluminação e luxo que essa civilização pode ofertar ao Deus Brasa. São denominados sombras não só por se considerarem os únicos com direitos na Cidade, como também por só se importarem com a própria sombra, nunca olhando pro povo do "sol, batente e suor", os "soleiros".

Muitas desgraças ocorrem em decorrer de tamanha indiferença desses dois grupos. Assassinatos em massa, ódio, incêndios, todo o tipo de acidente que se possa imaginar. Por essas razões, a Cidade da Sombra, conhecida hoje também como Cidade Partida, parece não ter mais jeito. Vai quebrar a qualquer momento. Contudo, ainda hão aqueles, na própria Cidade, que gritam na adoração as cores do sol (amarelo) e natureza (verde) a unificação de Sombras e Soleiros - " Sõbrasoeleyro!Sõbrasoeleyro! - " demonstrando o corajoso sentimento de sobrevivência cultural da região, apesar de tudo. Portanto, como dito no início, não vamos nos ater às conotações. Tudo é possível e capaz.


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O problema do número 2 [e eu não estou falando sobre matemática]

Eu não sou uma pessoa que faz muitas cerimonias pra falar as coisas, ok?

[Ok, eu faço cerimônia pra várias coisas, o fato é que eu quero abordar um assunto inconveniente e se eu não tenho justificativa pra fazer isso, a única coisa que eu posso usar pra me justificar sou eu mesma e minha personalidade. Então, queridos, atenção praquela galerinha do mal que fica sempre falando que não tem cerimônia pra falar as coisas ou fazê-las, essas são as pessoas inconvenientes ao seu redor que estão querendo se manifestar.]

    Mas eu realmente preciso trazer esse assunto a tona: a relação das mulheres com o banheiro.

[Sim, gritem, esperneiem, garotas, estou prestes a explanar que nós não exatamente eliminamos as coisas dos nosso corpo por um pozinho branco que sublima ao entrar em cotato com a atmosfera. Reparem que a frase que eu usei - a relação das mulheres com o banheiro - já um eufemismo, but as mulheres da salada e jantar, com certeza, já estão se revirando no caixão.]

    Sim, a nossa atenção especial vai para o tabu top feminino. Mas, acalmem-se garotas eu vou tentar ser sutil. A grande verdade é que as mulheres tem medo de cagar

[desculpe, não consegui]

, elas não gostam de cagar e se fossem por elas, não cagariam. Sad but true. Ah, fala sério, vocês já viram o anúncio desses iougurts com sabor tutti frutti...

[que na verdade, mesmo se tivessem sabor jaca nós tomaríamos já que o que importa mesmo é fazer a coisa - Eufemismo é uma merda, olha isso. "A COISA", parece que eu to evocando o monstro do pântano. - descer ]

...a mensagem que eu tiro disso é: nós precisamos de um iogurt pra cagar porque nem temos coragem de ir na farmácia comprar um laxante. A situação chega a um nível absurdo quando se observa a publicidade que utilizam pra alcançar o público feminino com esses produtos e OH-MY-GOD, eu preciso de um post inteiro pra tratar sobre assunto.

[adendo 1]

Se a gente se aceitasse mais, sabe? Lidasse melhor com nosso eu escatológico... As coisas seriam mais fáceis, entendem? Meninas, eu acho que o que eu estou querendo dizer é pra vocês não se repreenderem tanto, entende? Relaxarem mais, ENTENDE? DEIXAREM A COISA FLUIR, ENTENDEU? ENTENDEU? Não? Ah, não? Então...

VAI CAGAR!

ADENDO 1 : Publicidade para o mundo feminino. [título alternativo: A grande mentira que queremos ouvir.]

Se tem uma questão crítica no nosso país que damos pouco caso 

[ok, ativistas políticos de plantão vamos tentar ser um pouco fúteis agora ] 

é a publicidade nesse país. Crítico. 

[Isso porque eu nem vou abordar os comerciais de super mercado]

Quando mirando para o público feminino a publicidade fanfarrona faz acrobacias pra dizer o que elas querem do jeito que elas querem. Nesse ponto os laxantes disfarçados e os absorventes são os grandes campeões. A parada chegou num clímax quando eu ouvi num comercial tentando 

[muito na tentativa mesmo] 

abordar o problema da constipação que dizia:
 

    - Sua barriga sente quando alguém está perto. - Isso te faz pensar...
 

[Colega. Não. Minha barriga não sente quando alguém está. Porra, NEM A BARRIGA DO CHICO XAVIER DEVIA SENTIR QUANDO "ALGUÉM ESTÁ PERTO". Minha barriga sente piriri, revertério, enjoo, cólica, algumas vezes até uma cosquinha, mas não amigo, minha barriga don't see dead people.]
 

    A mídia é tão demoníaca que quer privar a tp... me desculpe, "aqueles dias". 

[ atoron o demonstrativo na terceira pessoa que afasta a possibilidade daqueles dias te atingirem].
 

    -Seja feliz ATÉ naqueles dias.
 

[Mais uma vez, colega. Não. Você não é jesus. Você não faz milagre. Muito menos a minha barriga.] 
 

    Sem falar daquele líquido azul viscoso com aparência de baba de unicórnio que eles usam pra simular você-sabe-o-que.

[ não quero ser responsável por desmaios, ok]
 

    Então, caros amigos da rede globo, sbt, rede tv, e principalmente você, é você mesmo, gnt. Vamos parar com a sacanagem. Até pra tratar dos problemas mais cabeludos do universo masculino vocês tem mais culhão. A primeira frase do anúncio já diz tudo.
 

    - Você tem problemas de ereção e ejaculação precoce?
 

    [Colega. Cê tem né?]
 

    A gente pode aguentar o tranco vai. Quero ver essa galerinha que fez comunicação e publicidade se manifestando no próximo comercial do guguti laxante:
 

    -Você tem problema pra cagar?
 

    [Eu tenho, colega.]